Olá pessoal! Neste fim de semana eleitoral trago a vocês a resenha de Laranja Mecânica, um filme bombástico e provocador, considerado um clássico do cinema mundial e um dos melhores filmes de Stanley Kubrick.
Pra quem não sabe, Stanley Kubrick foi um dos mais aclamados diretores de Hollywood. Dirigiu vários filmes significativos para a indústria do cinema, como “2001: uma odisséia no espaço”, “O iluminado”, “Lolita” e “Spartacus”, tendo sido “De olhos bem fechados” (com Tom Cruise e Nicole Kidman) seu último projeto completo antes de seu falecimento, em 1999.
Laranja Mecânica é um dos filmes mais famosos e controversos de Kubrick. Baseado no livro homônimo escrito por Anthony Burgess em 1962, conta a história de Alexander DeLarge, um delinqüente juvenil, líder de uma gangue de arruaceiros, que pratica “ultraviolência” por puro prazer. E por “ultraviolência” entendam estupros, roubos, brigas, etc., etc. Até que um dia algo sai errado e Alex passa de apenas um ladrão violento a assassino e, traído por seus companheiros, é capturado pela polícia e condenado a 14 anos de prisão.
Passados 2 anos, Alex vê a oportunidade de sair e se oferece para participar de um projeto do governo chamado Tratamento Ludovico, voltado para “curar” a maldade dos criminosos e deter a criminalidade os fazendo associar violência a dores e incômodos físicos insuportáveis. Como resultado do tratamento, Alex se torna incapaz (fisicamente) de praticar qualquer ato violento, - inclusive em defesa própria -, de tocar em mulheres nuas, nem de ouvir a 9ª sinfonia de Beethoven.
Agora você deve estar se perguntando por que é tão importante citar que ele não consegue mais ouvir Beethoven. É que Alex é apaixonado por música clássica e, principalmente, Ludwig van Beethoven. Essa característica dele nos leva a comentar a maravilhosa trilha sonora desse filme: toda ela é música clássica. Só há uma música não-clássica que é marcante no filme: Singing in the rain (essa mesma, famosa na voz de Gene Kelly. Só que aqui é usada enquanto Alex estupra uma mulher e não numa cena alegre como em Cantando na chuva).
É impressionante como é perturbador ver cenas de extrema violência escutando Beethoven. Mas essa era a vontade de Kubrick – deixar o espectador incomodado e desorientado, tanto que cometeu propositalmente alguns erros de continuidade durante o filme (pratos em cima da mesa trocam de posição, e o nível de vinho nas garrafas muda em diversas tomadas).
Voltando ao plot, Alex, completamente “curado”, é liberado e solto na sociedade. Porém, é expulso de casa pelos pais e fica perambulando por Londres. Encontra no caminho antigas vítimas e seus amigos traidores (agora policiais!), que aproveitam sua incapacidade de defesa e quase o matam afogado. Mas o tratamento, que parece ter sido o fim de Alex, depois de uma série de eventos interessantes e inesperados (que eu não vou contar! hehehehe), acaba sendo sua salvação. Agora se isso vai ser bom pra sociedade, aí são outros 500.....rsrsrsrsrs.
Agora os detalhes que fizeram desse filme um clássico. Primeiro, ele é narrado pelo protagonista em Nadsat, um idioma (inventado por Anthony Burgess) que mistura o russo, o inglês e o cockney - por exemplo, rozzer é polícia, drugo é amigo, chavalco é homem, moloko é leite, góliver é cabeça. Alex fala muito essas gírias, e é por isso que aconselho assistí-lo legendado. Até o final já nos acostumamos com essa linguagem nova – e é bem legal deduzir o que cada palavra significa.
Outra coisa marcante de Laranja é a fotografia. Kubrick abusou de cores fortes em seus cenários (muito interessantes e bem construídos) e figurinos. Esse uso intensivo de cores também ajuda no impacto causado no espectador – são sempre cores fortes e vivas espalhadas pelas cenas, e principalmente cores primárias.
Além disso, o diretor usou magistralmente a disposição da câmera. As cenas são filmadas sempre de um ângulo inusitado, nunca muito distante dos personagens, dando a impressão de que aquilo não está longe de você. É como se você também estivesse lá onde Alex está.
Agora uma advertência: esse filme não é recomendado para menores de 18 anos, nem para quem não gosta de cenas que mostram tudo e não insinuam nada. As cenas de violência e nudez são muito reais e, como disse no parágrafo anterior, muito próximas de quem assiste. Então, se você ainda não está preparado para fortes emoções visuais, não assista.
No verso do DVD, Laranja Mecânica é definido como violento, bombástico, arrebatador, sonoro, dançante e assustador. Não há descrição melhor. Já vi esse filme várias vezes e sempre acho um detalhe que havia deixado passar. E também sempre me impressiono com a qualidade de sua produção (também assinada por Kubrick), tendo em vista que foi feito na década de 70.
Bem, esse foi minha sugestão de cinema. Achei propício trazê-la esse fim de semana, quando todos nós estaremos decidindo o futuro do nosso país. Vamos fazer com que nunca chegue perto desse futuro retratado em Laranja Mecânica.
Concordo com tudo que vc falou!
ResponderExcluirAdorei!
Resenha MARA, Prix!! Ainda não vi esse filme e tenho muita raiva por isso, pois todo mundo me recomenda e eu fico protelando...ou esquecendo msm!!
ResponderExcluir=*
eu nem sei o que dizer a respeito desse filme. só que foi o filme que fez eu amar cinema! Uma obra.
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