O filme é baseado no ensaio “The Third Wave”, escrito pelo professor de história Ron Jones, o qual conta sua experiência na Cubberley High School, California, em 1967. Então, é baseado em fatos reais! Lembrem-se: aquilo realmente aconteceu. E é por isso que o filme é tão interessante. Não é uma idéia fantasiosa – como os próprios personagens pensavam no início do filme -, mas uma questão a se pensar e refletir. Bem, já enrolei muito, vamos ao ponto.
A Onda (originalmente, Die Welle) é um filme alemão, de 2008, que trata basicamente sobre a possibilidade de retorno de regimes ditatoriais na Alemanha atual. Mas é claramente uma metáfora, que não vale só para a Alemanha – lembrem que o Brasil é uma democracia há apenas 22 aninhos.
Bem, o filme se passa numa escola de ensino médio alemã na semana em que ocorre um projeto para ensinar aos alunos os benefícios da democracia. Para isso, os professores devem mostrar aos alunos os outros tipos de regime de governo, como, por exemplo, a anarquia e a autocracia. E foi justamente esta última que ficou a cargo do professor Rainer Wegner, um simpatizante da ideologia anarquista, que a contragosto teve que ensinar autocracia a ter sido seu tema “roubado” por outro professor.
Conversando com os alunos e vendo a total descrença deles na possibilidade de regressão ao regime ditatorial, por acharem que o povo já não mais permitiria tal grau de manipulação de massas, resolve fazer uma experiência: aquele grupo viveria naquela semana um regime autocrático. Escolhem então um líder – o próprio professor, que passa a ser chamado de Sr. Wegner – e passam a obedecê-lo cegamente. Decidem vestir uniforme (camisa branca), criam um logo para o grupo e agora se cumprimentam com uma saudação específica. Seguem a ideologia “união é força” e, agora unidos, se fortalecem como um grupo, deixando suas individualidades de lado em prol d’A onda.
O que parece ótimo no começo, já que as personalidades fracas de cada um deles evoluíram pela ajuda e força do grupo, ao fim da semana já está fora de controle. E o pior: poucas pessoas percebem isso. Atos de vandalismo, discriminação e intimidação aos não simpatizantes são causados pela Onda, mas nada é controlado. Os garotos já estão tão organizados ao ponto de não reconhecer o quanto foram manipulados e quão manipuladores e excludentes se tornaram.
O Sr. Wegner é avisado do tamanho da contaminação, mas, inebriado pelo poder que adquiriu na última semana, não toma as providências a tempo. E essa demora traz conseqüências assustadoras e trágicas para todos os envolvidos.
Esse filme foi feito para televisão e, adicionando-se o fato de ser alemão, não recebeu grande publicidade aqui no Brasil. Contudo, vale muito a pena vê-lo. Foi muito bem dirigido, as atuações foram ótimas e o roteiro é amarrado e surpreendente. A idéia de volta de uma contaminação fascista na sociedade ocidental do século XXI é passada de forma muito realista e convincente, o que pode até assustar um pouco, mas com certeza vai fazer surgir um debate quando o filme acabar.
Bem, é essa a dica de cinema para o feriado. Não deixem de vê-lo! Ah, só mais uma coisinha: quem não fala alemão, veja dublado. E vejam em grupo! Para quem é mais novinho é ótimo para entender o poder de uma manipulação de massas por um líder carismático sobre um povo passivo/oprimido – coisa que a gente só vê nos livros de História e (graças a Deus) não vivenciamos. Ou será que sim? Reflitam.
Bom fim de feriadão a todos!
ei Prix, gostei do filme, quero assistir, vou procurar para eu ver. ^^
ResponderExcluirbeijos.